Algumas Palavras sobre Redação

  

De todo o escrito só me agrada aquilo que uma pessoa escreveu com o seu sangue. Escreve com sangue e aprenderás que o sangue é espírito.

(Friedrich Nietzsche, 1888)

  

Quando escrevemos, escrevemos para um leitor? Sempre que colocamos uma ideia num papel ela é escrita pensando em outrem? Clarice Lispector dizia que não concordava com o título de “hermética” que lhe fora dado, pois ela mesma se compreendia muito bem. Muitos escritores famosos admitem que não escrevem para um leitor, e sim para si mesmos. Escrever é como um remédio, serve para dialogarmos conosco, para nos compreendermos melhor, serve como a válvula de escape para uma pulsão de expor ideias.

            Acredito que grande parte dos problemas de escrita dos alunos se deve ao fato de que eles não têm sobre o que escrever. Eles não têm o hábito de ter ideias próprias, não sentem grande vontade de entender/explicar o mundo e de usar a escrita para dar vazão a suas crenças. Como não há opinião ou reflexão, não há redação. São muitas as redações que não vão além do nível da observação, do exemplo e da descrição cotidiana. Esse fato é de grande importância, uma vez que torna o conteúdo das redações raso e decepcionante.  

           A maioria dos sites sobre redação e também, infelizmente, a maioria dos livros sobre o assunto discutem redação de forma extremamente técnica e parecem tratar da escrita como um processo mecânico no qual o aluno aplica algumas fórmulas e está a salvo. Essa abordagem não é verdadeira e, muito menos, eficaz.

            É por esse motivo que este site se estrutura de tal forma, dando ênfase à argumentação e à lógica do texto a partir de pequenos textos que discutem os principais tópicos de redação.  

            Não existem fórmulas!          

            Ao contrário do que muitos dizem, não existem princípios fixos quanto ao que pode e quanto ao que não pode ser feito na hora de escrever. Quem lê sabe que existe muita coisa boa escrita por aí e que todos esses textos se comportam de diversas maneiras. Ao invés de se decorar regras sobre introdução, desenvolvimento e conclusão, acredito que é muito mais profícuo - para se fazer um bom texto - muita leitura (literatura, inclusive), discussão sobre a argumentação e análise de redações, para que se introjete, de maneira informal, as regras implícitas que regem a palavra escrita.  

 

Tiago Martins

Atenção:

Todos os textos aqui publicados são de minha autoria (os que não são, têm suas referências citadas), portanto, ao copiar o material aqui exposto, citar o autor ou o site, OK?