Introduzindo um Texto

Quebrando com os mitos da Introdução

 

I.

         Não existe uma maneira única de se fazer uma introdução, não existe um modelo único e universalmente certo para se compor um texto. Uma maneira bastante conhecida de se introduzir uma dissertação é aquela em que o autor se posiciona em relação ao tema logo neste início do texto.

         Então, se a pergunta-tema da prova de redação é A Transgressão é algo natural do ser humano ou pode ser considerada com violação das normas?, o autor vai deixar claro para o leitor, já na introdução, qual é o seu posicionamento.

         Isso não é regra geral, nem é a única maneira de se iniciar redação, como é dito muitas vezes. No entanto, é adequado, principalmente, para quem tem dificuldades em manter todo um texto dentro do tema. 

           

II.

        Considerando que: a) uma redação deve ter todos os seus parágrafos relacionados com o tema e que b) cada parágrafo do desenvolvimento deve ter uma ideia específica e uma defesa (argumentação dessa ideia), temos que um modelo de introdução seria aquele em que o autor resume os principais assuntos que serão tratados ao longo da redação. Por exemplo, uma redação que trate dos problemas do Brasil, poderia ter a seguinte introdução:

 

Emergente, subdesenvolvido, em ascensão. Muitos adjetivos e expressões caracterizam países como o Brasil, que tem graves problemas e muita desigualdade. Problemas como altos índices de pobreza e desigualdade social, péssima qualidade de ensino e um caos tributário são nossos inimigos diários. Será que algum dia seremos um país desenvolvido, que superou os eufemismos que nos dão nome?  

 

         Essa introdução citou três problemas da sociedade brasileira. Pode-se ter uma estrutura de texto em que o autor desenvolva seus parágrafos seguintes tratando dos assuntos apresentados na introdução. Então teríamos:

 

Parágrafo 2: Altos índices de pobreza e desigualdade social.

Parágrafo 3: Péssima qualidade de ensino.

Parágrafo 4: O caos tributário.

 

III.

          Muitas coisas podem ser, ou melhor, devem ser evitadas na hora de fazer uma introdução.

 

          Primeiro: Começar a redação com coisas do tipo: Na sociedade atual; Nos dias de hoje; Nos tempos hodiernos; Hoje em dia; etc. Esse tipo de estrutura é muito utilizada, já é quase um clichê, então pode ser evitada. Até porque, se estamos escrevendo sobre algo atual, o leitor vai notar que “esse algo” de que estamos falando é referente ao nosso tempo, portanto o comentário Nos dias de hoje se torna dispensável.

            Segundo: Começar a redação com coisas do tipo: Nos primórdios da sociedade, Nos tempos antigos, Nos primórdios da civilização, Quando o homem surgiu, etc. Esse tipo de estrutura também é demasiadamente utilizada, mas há um problema maior aqui. É a forma e o contexto em que essas estruturas quase sempre aparecem.

 

Por exemplo:

 O preconceito existe desde quando o homem surgiu.

A busca pela felicidade remonta aos primórdios.

Desde os primórdios o homem tem sido egoísta.

 

             A questão é: como podemos saber disso? Pode-se imaginar que o preconceito surgiu desde que o homem surgiu, mas não se pode ter certeza disso, sendo assim é melhor não escrever.

             Dizer que a busca pela felicidade remonta aos primórdios é complicado também. Quando foram esses “primórdios”, como posso saber disso?

             O fato é que frases como essa não dizem absolutamente nada.

          A dica é: Se o aluno for escrever sobre um determinado período histórico ele deve 1) Especificar o período; (tempos antigos; primórdios; desde que o homem é homem não é nada específico) 2) Só se pode localizar no tempo e ter certeza do que se está escrevendo, fatos. Eu não posso saber quando surgiu o preconceito, quando começou a busca pela felicidade, etc. Então, localizar no tempo questões abstratas é complicado.

            Como usar essa estrutura então? Um exemplo:

 

Desde a Idade Média, com o pensamento cristão destruindo, a exposição do corpo e o sexo antes do casamento vêm sendo condenados. A partir dos anos sessenta, com a revolução sexual, [...]

 

IV.

             Generalizações são perigosas e, geralmente, aparecem muito no início das redações.

 

Todo mundo prefere a felicidade.

As pessoas detestam a solidão.

Ninguém mais acredita em sexo somente depois do casamento.

 

              Como alguém pode afirmar essas coisas categoricamente? O fato é que não se pode, então afirmações desse tipo não devem aparecer nas redações.