Planejando um Texto

 

            Qual é a primeira coisa que se faz quando estamos diante do tema de uma redação? Pensar no título? Pensar na introdução? Pensar na primeira frase? Ou ir escrevendo logo, sem pensar, para assustar os concorrentes? A resposta é: Nenhuma das alternativas.

           Pensar no título não adianta nada. O título é a identidade do texto, portanto só deve ser pensado, num geral, quando o texto estiver pronto. Há exceções, é claro. Às vezes se tem uma ideia para um título e esse título já nos dá uma redação inteira. Ele é, afinal, um conceito, ele próprio pode ser uma ideia.

           Por exemplo: O Homem é o Lobo do Homem. Suponha-se que eu tenha uma ideia para esse título, antes de começar a redação. Ótimo, pois já conduzo o meu texto a partir dele. Eu vou argumentar que o homem destrói a si mesmo. Texto pronto, é só organizar a argumentação, os exemplos, etc. É maravilhoso quando isso acontece, mas pode ser raro e, por isso, a gente não fica pensando no título antes de pensar no texto.

            Pensar na introdução é algo que também não é muito válido, pois eu vou gastar muito tempo pensando num primeiro parágrafo sem ter nem ideia de como serão os outros parágrafos. Isso é perigoso, pois o texto não pode ser um conjunto de parágrafos isolados: a minha introdução tem de fazer sentido. A introdução tem de estabelecer uma relação com o resto do texto. Ela, inclusive, pode ser escrita depois que os parágrafos de desenvolvimento estiverem prontos.

           Para escrever um texto, devemos ter um método. A primeira coisa que se faz, portanto, depois de se certificar que o tema da redação foi plenamente entendido é pensar.

            Pensar, primeiro, em qual é o meu ponto de vista sobre o assunto. Se for um tema clássico que nos dá um dilema: Você é a favor ou contra as cotas universitárias? Bem, tenho, então, de me posicionar: acho válido ou não?            

            Posicionando-se, então, começa o processo de construção, de criação. O autor do texto vai pensar em ideias que justifiquem o seu posicionamento, ideias casadas com seus argumentos e agregadas, se for o caso, a exemplos.       

            Tendo essas ideias é que se pensa na estrutura do texto.

            Em que ordem vai tudo o que eu pensei? O que vai no 2º parágrafo, no 3º parágrafo, etc.? Algumas ideias vão ficar de fora, porque elas podem ser repetitivas -uma variação de outras ideias; pois elas podem ser idiotas; ou pois os argumentos podem ser fracos, porque elas podem ser ideias de senso-comum. Aí sim, com as ideias boas, se começa a escrever o texto.

            Depois disso, o passo é escrever.

           Escrever, portanto, é a última coisa que se faz.

 

            Fazendo esse planejamento, ganha-se tempo. Encher uma folha de redação desde o primeiro minuto não significa que o texto será bom. Por que se o texto não for planejado e formos escrevendo o que vier em mente, é bem provável que, lá pelo meio da redação, perceba-se que a ideia que está no terceiro parágrafo, por exemplo, ficaria melhor no segundo, ou que a argumentação do primeiro parágrafo não tem muito a ver com o tema. E aí sim se perderá tempo apagando e reescrevendo.

            Sair escrevendo o que vem em mente faz com que a gente não se dê conta de muita coisa. Até dá pra fazer isso, dá para fazer várias coisas, mas 1o Lugar: O processo de revisão desse texto terá de ser muito intenso; 2o Lugar: Só quem faz isso (escrever sem planejar) e se dá bem, é quem tem muita prática.

 

Quadro de Planejamento

 1-   Qual é o meu posicionamento?/Qual é a minha visão sobre o tema?

2-   Pensar em ideias para defesa do meu posicionamento em relação ao tema.

3-   Pensar em argumentos para defender as ideias que vou escrever.

3.1 – Exemplos se forem necessários.

4-   Em que ordem dispor isso no texto.

5-   Retirar ideias repetitivas.